Uma nova geração de pais revoluciona a paternidade no mundo
Vínculo afetivo e o desenvolvimento saudável
Para que a criança possa ter uma infância melhor e saudável em todos os aspectos, plantando boas sementes para a vida adulta, ela precisa se sentir amada, segura, cuidada e respeitada. O que envolve tudo isso é o vínculo.
O vínculo do adulto com a criança começa antes mesmo do nascimento. A mãe é a primeira a estabelecê-lo com seu filho, que ainda está no útero. O pai pode também começar essa construção durante a gestação, acompanhando a mãe nas consultas do pré-natal, no parto e permanecendo com ela e o bebê nos primeiros dias de vida, por meio da licença-paternidade. Se o período for de 20 dias, melhor ainda!
Quando o bebê nasce, é pelo aleitamento materno e pelos cuidados que começam as primeiras interações. Mesmo que, por algum motivo, a mãe não possa amamentar, o momento da alimentação precisa ser especial. Em tudo que favorece a interação, alimentação, banho, higiene, hora de dormir, brincar e etecetera, temos a oportunidade de mostrar ao bebê que ele é amado, sentimento essencial para seu bom desenvolvimento.
A mãe e o pai, independentemente da configuração familiar (casais homoafetivos, famílias homoparentais), exercem papéis essenciais na garantia do bem-estar da criança, especialmente nos primeiros anos de vida. No entanto, bebês que não podem contar com um deles, ou com ambos, criados por outras pessoas ou que vivem em abrigos, precisam de um adulto que assuma essa condição para que se sintam seguros e queridos, para crescerem com confiança e boa autoestima.
O ambiente e o desenvolvimento
Além disso, o ambiente externo também influencia a qualidade do vínculo, impactando o desenvolvimento do cérebro da criança, que está no ápice de sua formação. É nessa interação com os adultos de referência (os pais e todos que convivem com a criança no dia a dia) e com o ambiente que o comportamento e a personalidade da criança vão se construindo, além, é claro, das heranças genéticas.
Por isso, situações de violência, brigas, desrespeito, vivenciadas pela criança constantemente, tendem a repercutir negativamente no seu desenvolvimento, porque geram um estresse ruim, chamado de tóxico, podendo causar distúrbios psíquicos e mentais nas fases da juventude e da vida adulta.
Os pais, e demais adultos, precisam estabelecer vínculos a partir de uma relação prazerosa, um “bate-bola”, ou seja, também pelo diálogo, pela escuta e pela maneira de falar com os pequenos. O “olho no olho”, posturas essenciais à interação, intensamente praticadas por meio do brincar, desde os primeiros dias do bebê. Cantar e contar histórias são outras estratégias importantes que fortalecem a relação com a criança e contribuem ao seu bom desenvolvimento.
Um bom vínculo, e tudo o que ele gera, se torna pré-requisito para que a criança alcance mais sucesso no aprendizado.
Escola e a criança
A escola também tem seu papel no fortalecimento do vínculo, propiciando a construção de relacionamentos sociais com outras crianças, de uma maneira saudável e espontânea.
Vale lembrar o que o economista e especialista em primeira infância, Flavio Cunha, disse em uma entrevista::
“Estudos realizados com crianças, nos anos 1960, hoje adultos com mais de 50 anos, mostraram que o vínculo, o amor, o diálogo experimentados por uma parte do grupo pesquisado contribuíram para que essas pessoas adquirissem mais educação, melhor renda na vida profissional, com participação qualificada no mercado de trabalho, tivessem casamentos duradouros, adquirissem a casa própria, se envolvessem menos em delitos. Tudo porque receberam intervenções positivas na primeira infância e seus cérebros se desenvolveram sadiamente. As conexões neuronais destas crianças foram preservadas e fortalecidas pelo afeto” recebido.