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Pais de adolescentes


Pais de adolescentes passam apertado, esse é um fato inegável.


Nesse período, sustentar a educação e bancar os conflitos com eles é tarefa diária, árdua e cheia de sobressaltos, principalmente neste mundo com tantas tentações sedutoras e perigosas, com tantos apelos eróticos e pleno de violência. Isso exige tomadas de decisões a todo momento. "Deixar ou não, ir a determinada festa?" "Qual o horário de retorno mais adequado a ser exigido?" e etc. Uma fiscalização, mesmo que discreta, sobre como o filho exerce a autonomia já conquistada e, principalmente, uma boa dose de coragem para, mesmo ciente de tantos problemas, liberar o filho para desfrutar a vida sem abrir mão do papel de educador.


Converso bastante com pais e professores de adolescentes e observo um fato interessante: a tendência de localizar neles uma gama enorme de problemas que, na verdade, são problemas da humanidade, ou seja, dos adultos também. Por exemplo, não há uma vez que não ouço algum comentário a respeito do fato de como os jovens se deixam influenciar facilmente pelo grupo. Ora, e com os adultos, isso não ocorre? As roupas que usamos, os carros que compramos, os hábitos que adquirimos, o lazer que praticamos, nosso estilo de viver por acaso não é influência do grupo? Claro que é.


Outra característica que os adultos adoram localizar nos jovens, e só neles, é o comportamento impulsivo, a tendência a primeiro agir e só depois pensar no que pode acontecer, a busca rápida de satisfação para quase todos os impulsos. Basta prestar atenção cuidadosa no mundo adulto e logo concluímos que, se isso for coisa típica da adolescência, o tempo está caminhando para trás para os maduros.


Só mais um exemplo: a história das drogas. Então quer dizer que são apenas os adolescentes que se encantam com as diversas possibilidades e os benefícios -mesmo que de curta duração- que uma droga oferece, sem dar a mínima para os riscos? Sei. Quero ver quem busca a excelência da forma física, a diminuição de peso, a alegria permanente, a ausência de dor, a fuga da ansiedade etc. afirmar isso com convicção. "Ah, mas droga ilícita é outra história", podem dizer alguns. Sim, mas a lição dos usos das drogas é a mesma.


Essa posição por parte de muitos educadores não passa despercebida pelos filhos e alunos e, claro, provoca efeitos. Alguns deles são o descrédito, a falta de confiança, a insegurança quanto ao próprio futuro e o absoluto cinismo na relação com eles. Se pensarmos bem, essa reação nada mais é do que pura reciprocidade na forma de tratamento.

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