Transtorno Desafiador Opositivo Precisa de Tratamento Médico e Psicológico
Falta de conhecimento da doença dificulta tratamento adequado para o portador.
O que pode parecer uma simples birra de criança mal educada pode ser na verdade uma doença que precisa de tratamento. Muitos pais que nunca ouviram falar sobre Transtorno Desafiador Opositivo (TDO), mas com certeza se depararam com situações que são fatores característicos da doença.
De acordo com o neurologista Gustavo de Almeida Herrera, membro da Academia Brasileira de Neurologia e pós-graduado, mestre pela Pontifica Universidade Católica de São Paulo, o TDO é quando a pessoa argumenta e questiona de maneira exagerada as ideias de outras pessoas. “Adota uma atitude desafiante em relação aos pais, professores e adultos. Tem acessos freqüentes de raiva, discussão e afronta com os adultos, irritação e acusação a outras pessoas, sensibilidade exagerada, rancor, malevolência e índole vingativa”, explica o neurologista.
Cerca de 40% das crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade e Impulsividade (TDAH) ocasiona problemas na vida pessoal dos indivíduos e na escola porque cursa com o Transtorno Desafiador Opositor. “Outra causa é o distúrbio de comportamento ocasionado em geral por excesso de permissividade por parte de pais e familiares. Na vida atual os pais em geral trabalham fora de casa e ficam muito pouco tempo com os filhos e muitas vezes para compensar esta ausência ou por não quererem ter atritos com os filhos, acabam aceitando uma conduta inadequada, o que reforça este comportamento da criança”, pontua Herrera.
A publicitária Sandra Regina Pereira descobriu que seu filho Vitor, tinha o TDO aos seis anos de idade. “Foi de repente, ele acordou um dia com atitudes diferentes daquelas costumeiras. Ele estava muito agressivo em casa e na escola. Queria agredir a todos, inclusive, procurando facas, tesouras, etc. Como ele já fazia terapia devido a um acidente automobilístico que sofremos, falei com a psicóloga para ela diagnosticar o que poderia estar acontecendo com ele”, diz Sandra.
Hoje, Vitor está com nove anos e continua fazendo o tratamento com médicos e psicóloga. Sandra afirma que o dia a dia do Vitor tem oscilações “Depende do dia, da semana. Tem semana que ele está calmo e tudo ocorre normalmente. Outra semana ele está nervoso, não quer fazer atividades na escola, fica agressivo e a escola me chama para ajudá-los a acalmá-lo para que ele continue com as atividades dentro da sala de aula. Em casa eu consigo acalmá-lo mais rápido, pois sei como ele reage a cada palavra, atitude”, observa.
DIAGNÓSTICO
Ainda de acordo com Herrera o diagnóstico é eminentemente clínico e se baseia na avaliação com a criança, familiares e outras pessoas envolvidas na educação da criança. “Como tudo tem controle e a criança pode viver bem e com comportamento adequado desde que se trate adequadamente”, alerta.
TRATAMENTO
O tratamento se baseia nas medidas educativas com os pais e a criança em relação ao comportamento, “seja por meio de consulta e acompanhamento psicoterápico, seja com o uso de medicamentos. Na eventualidade desta doença ser comorbidade de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade e Impulsividade tem que ocorrer o tratamento”, frisa.
Vitor faz terapia regularmente e tem uma psiquiatra para acompanhar o uso dos remédios. “O remédio foi essencial desde o começo para que as crises de agressividade se tornassem mais espaçadas entre uma e outra. Sozinha não é possível ajudar a criança, é preciso da ajuda de profissionais da área da saúde e da educação, uma escola como a do Vitor que queira ajudar e que tenha paciência para lidar com uma criança que às vezes reage com agressividade”, considera Sandra.
RECOMENDAÇÃO
O médico acrescenta que a recomendação que pode ser dada aos pais que tenham filhos com este tipo de problema é que procurem ajuda especializada. “Que esses pais fiquem mais tempo com seus filhos se interessando pelas suas mínimas coisas, que tenham atividades lúdicas em conjunto com toda a família e que entendam que na educação dos filhos é importante que eles entendam que existem limites as suas reivindicações e que a vida se resume em direitos e deveres e que os filhos não têm somente direitos que são alimentação, conforto, educação e todas as necessidades básicas, mas tem deveres de ser um bom filho, educados, respeitando a hierarquia familiar, serem bons alunos e terem bom comportamento”,explica.
NÃO EXISTE CULPA
Herrera acrescenta que os pais não são culpados, “eles apenas não sabem como educar adequadamente. Isto é muito difícil de ser feito, pois no dia a dia com a criança tem que existir um grande companheirismo e acima de tudo respeito de um pelo outro”, finaliza.
Se quiserem acompanhar a "vida real" de uma mãe e seu filho com TDO, acessem http://transtornodesafiadoropositivo.blogspot.com.br/