Como Lidar Com a Raiva das Crianças
A reação dos adultos diante do choro, da birra e do esperneio é o que determina se a cena vai se repetir com frequência ou não
Ataques de raiva podem ser "chamados" para que os pais entrem na função deles - e sua repetição depende da reação dos adultos.
Nestas horas, a primeira sensação que se tem é a de vergonha pelo escândalo em público, mas isso não ajuda em nada. O importante é manter a calma e lembrar que ser mãe não é fácil – é preciso deixar de lado sua própria frustração e educar. A raiva infantil é desencadeada por um desejo não atendido. Os bebês já sentem isso quando estão com fome e a mamada não vem, têm mais frio do que gostariam ou o brinquedo não faz tudo que desejam. Desde bebê já se pode ensinar a esperar um pouco para ter suas necessidades saciadas, como a não ficar o tempo todo no colo que mais gosta. Assim, quando contrariada em outras questões, a criança terá mais tolerância. Até aprender a se expressar, a criança usa o que sabe fazer: chora e se contorce, e às vezes fica até difícil de segurá-la. Nesta fase, os pais já podem ir conversando, dizendo coisas como, 'tem que esperar um pouquinho, a mamãe está acabando de preparar o lanche'. A questão do tempo de aprender a esperar é um fator fundamental. É tarefa dos pais ensinar gradativamente que a realidade não se adéqua às crianças, mas são elas que devem se adequar a realidade.
Na hora da crise de raiva, se for possível, os pais devem sair de perto da criança. Assim, eles têm uma chance de respirar fundo, se acalmar e tomar uma decisão mais consciente. Nas situações em que ela não pode ser deixada sozinha, tire-a do ambiente – é o caso, por exemplo, se estiverem em local público.
Se a mãe diz que não vai comprar um brinquedo, mas acaba cedendo ao berreiro armado logo em seguida no meio da loja, por vergonha, o pequeno vai entender direitinho a mensagem: birra funciona!
E, seguindo este caminho, mais do que sofrer durante a infância de seu filho, você corre o risco de criar um adulto incapaz de lidar com as frustrações. Seja firme, mas não grite. É preciso dialogar com muita paciência, amor e carinho nessas horas. Ofereça conforto dizendo ‘percebi que você está bravo, mas é preciso estarmos calmos para podermos conversar sobre o que você está sentindo e resolvermos isso.
Apesar de muitas vezes parecerem a mesma coisa, a raiva é diferente da manha. Esta última pode vir de cansaço, sono ou fome, e deve ser respeitada.
O jeito de diferenciá-las é conhecendo os hábitos do seu filho e excluindo as necessidades fisiológicas ou as atendendo. Certifique-se de que a criança está bem alimentada, descansada e confortável.
A manha também pode ter causas menos nobres do que fome, frio ou sono. A criança quer fazer o outro ceder apenas para ganhar a batalha. É um jeito que ela tem de provar que é importante e poderosa.
Já a raiva é mais primitiva, tem a ver com as necessidades e os desejos elementares. Às vezes as duas reações se misturam. Por isso, mais importante do que diferenciá-las é evitar o confronto.
Pode parecer uma birra sem fundamento, mas, na maioria das vezes, as crises não começam sem motivos. Pode ter sido uma injustiça, uma promessa não cumprida, uma sensação de vergonha ou mal estar. Cada ‘não’ ou ‘sim’ tem que ser dito com muita responsabilidade. E uma vez ditos, precisam ser sustentados. Crianças querem e precisam de orientação para seguirem seus caminhos. Não ignore simplesmente uma crise de raiva. Entenda por que ela aconteceu. É possível que você tenha prometido fazer algo ou dar algo e não conseguiu cumprir e se quer se deu ao trabalho de fazer a criança entender o motivo.
O que eles buscam, em qualquer idade, é sentirem que são amados, aceitos e que pertencem àquele núcleo.